Postado pelo "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.
Escutei este áudio até o fim. Se a originalidade do mesmo for verdadeira então gostaria de tecer alguns comentários. Esclareço que não tenho qualquer tipo de relação com o pr. Caio Fábio. Apesar de ter assumido sua opção pelo relativismo nos anos 90, do século passado, ainda o vejo como uma pessoa muito inteligente e de amplo espectro de visão. Seu conteúdo mental não foi comprometido por sua experiência relativista. Experiência relativista foi a designação dada por ele em relação ao seu caso extra conjugal.
Nesta fala que está na internet algumas coisas me chamaram a atenção, dentre elas:
1 – Parece-me que para Caio Fábio sua queda não foi uma tragédia para si mesmo. Foi uma tragédia para aqueles que o endeusaram, o destacaram como representante dos evangélicos e para a grande massa de crentes da igreja brasileira. Para Caio Fábio, segundo a gravação, a tragédia foi para aqueles que o tinham como um ícone. Vejo a tendência de todo homem em transferir seus próprios pecados para outrem. Foi como Adão quando disse a Deus que a culpada era a mulher que havia recebido do Senhor. Essa síndrome adâmica permanece com o homem até o fim. A tragédia, antes de ser coletiva, é individual sim. Tragédia por ter desonrado a Deus. Tragédia por ter desonrado o chamado para o ministério. Tragédia por ter jogado o nome de Cristo na lama. Tragédia sim por ter feito o povo de Deus acreditar que ele poderia ser uma voz que clamaria no deserto e não o foi. Tragédia para aqueles que formavam sua família. Ninguém fala sobre sua ex-mulher. Talvez ela não importe tanto assim. Ninguém foi culpado pelas decisões tomadas por ele. Ninguém o incentivou a buscar nos braços alheios alivio para as tensões da vida. Quando somos colocados em posições de destaques precisamos lembrar que juntamente com os destaques vem responsabilidade pela integridade, submissão e coragem para dizer não. A igreja perdeu um ícone sim, mas essa perda antes de engrandecê-la a apequenou, a tornou mais desacreditada e vendida. A perda deste ícone causou estranheza sim.
2 – Ao escutar esta gravação fiquei com a sensação que a culpa é totalmente dos cristãos. Foram eles os responsáveis pela catástrofe ocorrida com Caio Fábio. Mas vale lembrar que esses mesmos cristãos foram levados por ele para viagens a Israel, para compra de milhares de livros, para lotar dezenas de ambientes de seminários, conferencias, congressos etc. e isso trouxe sim maior visibilidade para ele. Sem esses que foram responsáveis pela sua queda talvez ele nunca tivesse se destacado tanto. Esses que o derrubaram inverteram milhões de dólares para ajudar bancar seus projetos de esperança, canal de televisão, revistas etc. Realmente foram os cristãos dadivosos que o arruinaram e não o pecado. Foram os cristãos ávidos por uma liderança coerente que o derrubaram e não a hediondez do pecado. Pecado não conta, não vale e não deve ser assumido. Foram eles sim. Talvez a culpa tenha sido em parte nossa por não termos orado mais por ele, por não termos dito as verdades necessárias nas horas corretas e nem tê-lo desanimado para a empreitada pecaminosa. Talvez precisemos assumir a meia culpa sim por não ter havido profeta do Senhor para dizer-lhe “Tu és o homem”, como Samuel disse a Davi.
3 – Reconheço que quando o homem é destacado recebe uma carga maior de pressão em todos os sentidos. Isso ocorre no mundo empresarial. Sei que se não se cercar de conselheiros sábios talvez a sua estrutura não agüente. Na gravação Caio Fábio diz que caiu quando estava nos píncaros da glória com o mundo aos seus pés. Quando era assediado por várias mídias e poderes. Isso realmente tem poder de derrubar qualquer pessoa. Mas se Deus o conduziu até lá e permitiu sua ascensão temos que concluir que também lhe concederia graça para tal hora. Deus nunca permitiria sem dar suporte. Mas o Senhor Jesus também teve suas provas e se baseou na Palavra e somente nela. A queda de Caio Fábio se deu não quando era açodado pelos poderes e mídias, mas quando acolheu o pecado em seu coração e como Tiago nos diz:" Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte".
4 – A sensação que fica é que Caio Fábio foi a vítima do sistema e que nada tem haver com isso. Estava no lugar errado, na hora errada junto com pessoas erradas. Parece-me que ele está dizendo que: “foram vocês que me derrubaram e me forçaram a estar onde não queria”.
Para mim a grande verdade é que não teve estrutura para suportar as tensões inerentes aos caminhos trilhados. Esqueceu-se do altíssimo preço que se paga quando a fama chega. Esqueceu-se que quando somos levados ao pináculo do templo encontraremos não somente a belíssima visão panorâmica, a sensação de grandeza e de não limite, mas também encontraremos a face negra e hedionda de Satanás a nos insinuar: “haverá anjos que guardarão seus pés”. Caio foi vitima sim, mas também foi carrasco. “matou ou empobreceu a fé de muitos”.
5 – Caio fala que está intoxicado de crente e gente. Mas desde quando pastor não tem como “matéria prima” gente? É para esta gente que intoxica que os pastores foram chamados a levar a Palavra de Deus. É para esta gente que intoxica que se vendem livros e viagens para a terra santa. É para essa gente que intoxica que os congressos foram feitos. Gente cansa realmente. Gente causa estresse sim, mas quando a coisa fica nervosa é melhor se retirar por um tempo e resgatar a integridade pessoal para que tudo volte à normalidade e não achar aconchego nos braços do pecado.
6 – Por fim não ouvi, em nenhum momento, um choro de arrependimento, um pedido de perdão e uma lamentação pelo estrago perpetrado. Antes ouvi um dizer estranho sobre cair para cima, cair para graça. Cair em pecado nunca nos empurra para graça. Rom. 6:1-2 “Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Cair sempre é para baixo. Parece-me que Caio afirma que o pecado foi bom para libertá-lo de várias prisões, cacoetes e imposições. Ele afirma que deixaria de representar pessoas para ser embaixador de Cristo e dizer ao mundo a mensagem do Evangelho. Mas qual mensagem ele vai apresentar depois que desonrou a Cristo? Com qual autoridade de embaixador ele falará? O apóstolo Paulo sofreu pressões infinitamente maiores que Caio sofreu e se comportou de modo diferente: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado”. I Cor. 9:27. O apóstolo Paulo dizia que Deus o transformava de glória em glória “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. II Cor. 3:18.
Charles Haddon Spurgeon dizia: "que para se reconduzir ao ministério um pastor que caiu em pecado necessário se faz que seu arrependimento seja tão grande e gritante como o pecado que o fez cair". citei de memória.
Não pretendi julgar ninguém. Apenas expressei o que entendi e talvez tenha entendido errado ou equivocadamente. Espero que seja isso. Também não pude deixar de sentir um pouco a dor de Caio Fábio, sua angústia. Acredito que no fundo as coisas sejam claras para ele.
“Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia.
Soli Deo Glória
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
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