segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O Deus da vida contra os deuses da morte

Postado em: "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.

Por que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó deixou o jovem José ir justamente para o Egito? Por que Jacó e sua família, inicialmente com 70 pessoas, teve de se dirigir para lá (Êx 1.1-5), estabelecendo-se no Egito e tornando-se ali um grande povo (Êx 12.37) antes que o Senhor os conduzisse de volta à Terra Prometida?
Existem diversas razões, e uma delas parece ser que o Deus da vida confrontou os deuses da morte. Um povo que representava o Deus vivo foi enviado a um povo que, naquela época, representava a morte como nenhum outro, que era literalmente dominado pela morte. Nesse encontro e nessa confrontação entre o povo de Israel e os egípcios já encontramos uma indicação antecipada do Evangelho e do envio de Jesus a este mundo de morte.
O Egito era a corporificação do culto à morte. Nesse povo, tudo era voltado para a morte. Ainda hoje, as grandes pirâmides, gigantescas sepulturas, são testemunhos da morte todo-poderosa. O enorme rosto de pedra da Esfinge de Gizé olha há 4.500 anos na direção do sol nascente, expressando o anseio por ressurreição e vida após a morte. Os tesouros dos túmulos, a arte de embalsamar os mortos, os templos e os símbolos consagrados à morte, as inscrições nas paredes dos santuários, os livros dos mortos com histórias acerca da viagem dos falecidos ou os 2.000 deuses egípcios manifestam esse anseio. Um dos deuses principais era Ra, o deus do sol. Todos os dias Ra passava pelo céu em seu barco solar, indo da terra dos vivos no Oriente à terra dos mortos no Ocidente. Por essa razão, a maior parte dos sepulcros se encontram na margem ocidental do Nilo. Osíris era o deus da morte e o senhor do reino da morte. Antes que os mortos entrassem no reino de Osíris, tinham de passar por um teste. Seus corações eram pesados em uma balança, sendo comparados com o peso de uma pena. Se o coração fosse mais pesado que a pena, a alma era tragada. Boas obras e rituais feitos em vida deveriam impedir isso. A caminho do além havia muitos perigos à espreita, por exemplo, monstros ameaçadores. Para chegar em segurança ao reino dos mortos, alguns rituais tinham de ser executados. Se um ritual deixasse de ser feito ou não era executado com perfeição, a alma era condenada às trevas eternas.
Os antigos egípcios acreditavam numa vida após a morte, por isso seus sepulcros eram equipados com camas, jogos, cosméticos e até alimentos. Muitos faraós foram enterrados juntamente com seus barcos, para que pudessem acompanhar Ra em sua viagem diária pelo firmamento. Na preparação dos cadáveres para a conservação, os órgãos eram retirados e depositados em recipientes especiais. Os sacerdotes abriam a boca da múmia para garantir que o morto conseguisse respirar, falar e comer no além. O coração era considerado a sede da alma, por isso era deixado no corpo. Os antigos egípcios penduravam amuletos, muitas vezes dúzias deles, nas múmias. Eram talismãs, por exemplo, o “olho de Horus”, para dar sorte e protegê-los. Pesquisadores encontraram tiras de linho, enroladas em uma múmia, que somavam 4,8 quilômetros de comprimento.

O reinado de Satanás sobre o mundo tem ocorrido de forma invisível, incentivando o surgimento de cosmovisões e filosofias contrárias à verdadeira realidade.
O Egito era o potência mundial da sua época e representava toda a situação do mundo de então, um mundo cativado pela morte, que ansiava por vida eterna e fazia infinitas tentativas de driblar a morte e ganhar a vida.
O Deus da vida, que se apresentou a Moisés como o Deus dos vivos (compare Êx 3.6 e Mc 12.26-27), fez ir ao Egito, ao “vale da morte”, o povo que Ele escolhera e chamara, através do qual viria a nascer o Salvador, Jesus Cristo. A vida de José já lança uma luz profética sobre Jesus Cristo. E Moisés, o Libertador, também é uma figura do Messias. As palavras de vida que foram proclamadas lá no Egito, o Cordeiro Pascal que foi imolado pela primeira vez no Egito, a formação de um povo que traria o Messias ao mundo – tudo isso foi uma antecipação do Evangelho, uma indicação evidente das intenções salvadoras de Deus para com o mundo. Mais tarde, quando Jesus nasceu, para cumprir a profecia, Ele teve de ir ao Egito (Mt 2.13-15). Ele, que é o Pão da Vida, que pode dar a vida eterna, chegou a uma terra visivelmente caracterizada pela morte.
Se Jesus, que veio ao mundo como judeu em Israel, ali morreu na cruz do Calvário e ali ressuscitou dentre os mortos, se esse Senhor da vida passou algum tempo no Egito, isso enfatiza qual era a finalidade da existência de Israel, qual era e continua sendo sua vocação e seu destino. Isso também explica a história de amor entre Deus e este mundo. Deus enviou vida a um mundo dominado pela morte e abriu a porta da vida eterna pelo Seu Filho.
“Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (Jo 5.24-26).
O antigo Egito era dominado por incontáveis rituais ocultistas, por preceitos e obras que precisavam ser cumpridos minuciosamente para alcançar a vida. Mas, mesmo assim, tudo isso era apenas logro e engano. O que restava era só um débil raio de esperança, mas principalmente o medo constante de ter negligenciado algo importante ou de ter deixado de fazer alguma coisa decisiva para entrar na vida eterna após a morte. A esse mundo marcado por tão fortes tentativas de auto-salvação, Deus enviou Seu Filho, que escancarou para nós a porta da vida eterna, e agora é preciso apenas entrar por ela. Jesus, o Salvador, consumou tudo para nós. Nenhum ritual, nenhum costume ou culto, nenhuma regra ou rito podem nos trazer a vida eterna. A porta foi aberta por Jesus. É preciso, apenas, entrar por ela para sair de um mundo dominado pelo pecado e pela morte e para entrar no paraíso do perdão e da certeza da vida eterna. Mas como se sai do “Egito da morte” para entrar na “Terra Prometida”? Somente pela fé!

O antigo Egito era dominado por incontáveis rituais ocultistas, por preceitos e obras que precisavam ser cumpridos minuciosamente para alcançar a vida. Foto: múmia egípcia.
Na Carta aos Hebreus está escrito: “Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão. Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível. Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas. Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o os egípcios, foram tragados de todo” (Hb 11.24-29).
Esse texto bíblico nos explica quatro passos de uma só fé:
1. A decisão, pela fé, de não ser mais filho do mundo – assim como Moisés não queria mais ser filho de Faraó.
2. O passo de fé de largar a velha vida, o que é uma prova de verdadeira mudança (arrependimento) – assim como Moisés literalmente deixou o Egito.
3. Voltar-se pela fé para Jesus Cristo, que é o Cordeiro de Deus, para receber o perdão pelo Seu sangue – assim como Moisés celebrou a Páscoa no Egito.
4. A obediência de seguir adiante com Jesus pela fé – assim como Moisés atravessou o mar Vermelho com o povo seguindo a Deus. (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O que nos acontece quando morremos?

Postado em: "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.

INTRODUÇÃO
O que nos acontece quando morremos? O materialista dirá que não acontece nada. Tudo se acabou. Para alguns, voltamos em uma segunda oportunidade, uma terceira, quantas forem necessárias. Este mundo é uma espécie de penitenciária, um IAPEN espiritual, onde pagamos os erros de vidas passadas, embora não nos lembremos deles. Para outros mais, ficamos em uma espera, dormindo, até que um dia acordaremos, no juízo final. E outros, ainda, pensam que ficamos num lugar de onde orações e cerimônias religiosas do lado de cá, feitas por outras pessoas, nos tirarão. Mais recentemente, começou a se veicular a idéia de que continuamos vagando por aí, até cumprimos nossa missão. Isto foi mostrado em dois filmes, Ghost e Sexto sentido. Neste, um psicanalista é morto, mas não sabe que morreu. Contracena com ele um garoto que lhe diz: “I see dead people all the time” (“Eu vejo gente morta, sempre”). Só depois que ajuda o menino a se firmar, desempenhando um papel numa peça de Shakespeare, é que o psicanalista entende que morreu, e pode ir embora, de vez. Esta é uma tendência de romantizar a morte e enaltecer a vida humana mostrando seu sentido como sendo o cumprimento de uma missão. Quem cumpre sua missão aqui na terra pode morrer em paz. É uma afirmação do existencialismo, que afirma que o sentido da vida é aquele que lhe damos. No entanto, Eclesiastes 12.13 define bem o sentido da vida: “De tudo o que foi dito, a conclusão é esta: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos porque foi para isso que fomos criados.”. Há um sentido na vida: viver com Deus. Não nascemos para vencer nem para sermos felizes. Nascemos para viver com Deus. Quando vivemos com ele, vencemos e somos felizes. Vitória e felicidade são subprodutos da vida partilhada com Deus. As circunstâncias se tornam pouco relevantes. O problema é que a humanidade quer viver sem Deus. E também quer explicar a morte sem ele.
Há quem diga que a morte não existe e tudo é ilusão. Tudo é maya. Mas todas as pessoas, em todas as épocas, foram iludidas? A morte é real. Há um grande esforço da cultura secular em banir o sofrimento e a morte de nossas preocupações, negando-a ou romantizando-a. No fundo, é o medo da morte que nos faz revesti-la de aspecto romântico. Mas a morte é feia e triste.
Querer saber o que nos acontece após a morte é algo natural para quem crê na sobrevivência da alma. O materialista nada tem a especular aqui. Sua vida é pobre e se limita à sobrevivência física. Morrendo ele, tudo se acabou. Mas os que pensam em vida após a vida têm esta curiosidade. O que nos sucede, quando morremos?
A Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira é clara neste tópico (ela é em todos eles). Diz o item 16, intitulado “A Morte”, na sua quarta afirmação: “Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam ‘dormir no Senhor’”. Os adventistas do sétimo dia interpretam literalmente a expressão “dormir no Senhor”, com sua doutrina do sono da alma. Mas deixemo-los de lado e sigamos com a DD, que alista aqui as seguintes passagens bíblicas: Romanos 5.6-11 e 14.7-9, 1Coríntios 15.18-20, 2Coríntios 5.14-15, Filipenses 1.21-23, 1Tessalonicenses 4.13-17 e 5.10, 2Timóteo 2.11, 1Pedro 3.18, Apocalipse 14.13. Este é nosso ponto de partida.
1. A MORTE COMO EVENTO UNIVERSAL
A primeira referência a morrer, na Bíblia, vem do próprio Deus. O autor da Vida falou da Morte: “… menos da árvore que dá o conhecimento do bem e do mal. Não coma a fruta dessa árvore; pois, no dia em que você a comer, certamente morrerá” (Gn 2.17). O “certamente” é enfático, como podemos ver numa tradução literal do texto hebraico: “Mas da árvore da entrada do bem e do mal, não comerás, sim, no dia em que dela comeres, morrerás, morrerás”. Mas o homem comeu, e permaneceu vivo. Depois veremos o que Deus queria dizer com “morrerás”, neste texto.
A primeira morte, na Bíblia, parece ter sido de animais: “E o Deus Eterno fez roupas de peles de animais para Adão e a sua mulher se vestirem” (Gn 3.21). Ou Deus tirou as peles dos animais escapelando-os e deixando-os vivos, ou havia um zíper para tirar as peles deles, ou, ainda, eles morreram (ou foram mortos). Simbolicamente, é a primeira declaração bíblica de que o homem não consegue resolver o problema das conseqüências do pecado. Apenas Deus pode. A separação de Deus é vista como nudez. Só Deus pode cobri-la.
A morte é universal. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez” (Hb 9.27). Todas as pessoas que existem morrerão. Esta é a única certeza da vida, a morte. Como disse o filósofo dinamarquês Kierkegaard: “O homem nasce para morrer, e começa a morrer quando nasce”. Com ele concorda Heidegger: “A morte é a maneira de ser que a realidade humana assume desde que passa a existir. Tão logo um homem começa a viver, já é suficientemente velho para morrer” [1]. A sabedoria popular cunhou isto da seguinte maneira: para morrer, basta estar vivo.
A morte aguarda cada pessoa no fim da jornada. Disse Benjamin Franklin: “Há duas coisas inevitáveis na vida: a morte e os impostos”. Índios não pagam impostos, mas morrem. Na realidade, a morte é a única certeza que se tem na vida. Não sabemos que futuro os bebês que nasceram hoje, mundo afora, terão. Mas sabemos que todos eles morrerão. A morte é o mais temido adversário da humanidade. Aguarda cada um de nós no fim de nossa experiência para uma batalha que nunca perde. Enfrentá-la tem sido motivo de muitas cogitações. Epicuro, filósofo grego materialista, disse: “A morte não nos concerne, pois enquanto vivemos, a morte não está aqui. E quando ela chega, nós não estamos mais vivos” [2]. Esta questão foi posta em outras palavras: “Enquanto somos, a morte não é. Quando ela é, nós não somos”. O grande problema para nós é que só sabemos o que ser e não o que é não ser. Em outras palavras, sabemos o que estar vivos, mas não o que é estar mortos. E o desconhecido nos atemoriza.
Summers, de forma poética, descreve a figura da Morte: “Com rosto lúgubre e garras de hárpia, a Morte anda no encalço de sua presa desde o início do registro da história do homem. Este aspecto da experiência humana entrou no mundo com uma nota trágica, em que um homem enraivecido contra seu irmão levantou-se para matá-lo. Desde aquela introdução, a Morte tem mantido os homens no temor do seu poder” [3].
Até agora o cenário parece sombrio. Comecei o raciocínio mostrando o que temos que enfrentar. Agora cito o Novo Testamento: “Deus nos salvou e nos chamou para sermos o seu povo. Não foi por causa do que temos feito, mas porque este era o seu plano e por causa da sua graça. Ele nos deu essa graça por meio de Cristo Jesus, antes da criação do mundo. Mas agora ela foi revelada a nós por meio do glorioso aparecimento de Cristo Jesus, o nosso Salvador. Ele acabou com o poder da morte e, por meio do evangelho, revelou a vida que dura para sempre” (2Tm 1.9-10). Por causa de Jesus temos a imortalidade, a vida eterna. Não somos filósofos ou pensadores sem esperança. Somos cristãos, e temos a bendita esperança trazida por Jesus. Esta esperança se baseia na obra de Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).
Por este motivo, o cristão não teme a morte e reflete tranqüilo sobre ela. Não a varre para baixo do tapete. O verdadeiro cristão pode usar as palavras de uma composição de Bach: “Vem, ó doce morte!”. Porque que a morte não é o ponto final, mas como disse Diétrich Bonhoffer: “A morte é o supremo festival no caminho da libertação”. E como o pastor batista Martin Luther King Jr. pediu que fosse colocado em sua sepultura: “Livre, verdadeiramente livre; graças ao Deus Todo-Poderoso, verdadeiramente livre, afinal!”.
2. OS TRÊS TIPOS DE MORTE
Quando a Bíblia fala de “morte”, usa a palavra com três sentidos: a morte física, a espiritual e a eterna.
(1) Física – Refere-se à separação entre o espírito humano e o corpo, quando cessam as atividades físicas e cerebrais: Eclesiastes 12.7. Todos passam por ela: Hebreus 9.27. Todos nós passaremos por ela. Dentro de cem anos, nenhum de nós estará aqui. Teremos morrido.
(2) Espiritual – É a situação da pessoa sem Cristo: Efésios 2.1. Por isso a pessoa precisa nascer de novo: João 3.3. Sem Cristo o homem está espiritualmente morto. Desde o Éden que o homem ele perdeu a comunhão com a Vida. É por isso que mundo não melhora. Morto não pode dar-se vida a si mesmo. E morto se decompõe.
(3) Eterna – É a situação da pessoa sem Cristo após a morte física: Apocalipse 20.15. Podemos dizer que quem só nasce uma vez (no físico), passa por três tipos de morte e morre eternamente. Quem nasce duas vezes (no sentido de João 3.3) só morre uma vez (Jo 11.25-26) e ressuscita duas (espiritual e corporalmente).
3. E AO MORRERMOS, O QUE SUCEDE CONOSCO?
Voltemos a Hebreus 9.27. Ele nos permite compreender o esquema de nossas vidas: nascimentoè vida na terraè julgamento e vida no além. Todos nascemos, vivemos e todos morreremos. Isto é óbvio. Mas surge a questão: para onde vamos após a morte?
Segundo Eclesiastes 3.20, todos os mortos vão para um mesmo lugar, o pó: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó tornarão”. “Pó”, aqui, é tomado como destino final, porque afinal, alguns morrem afogados e outros, em incêndios. Todos vão para outro lugar, após a morte. O termo hebraico para o lugar pós-morte é sheol. O termo grego que lhe é correspondente é hades, que significa “o invisível”, de des, “ver”, e o prefixo privativo a. É o termo que designa o mundo dos mortos. Sheol ou hades é o estado dos mortos entre a cessação de sua vida e o juízo final, quando da segunda vinda de Cristo. Chamamos de estado intermediário. Esta expressão nada tem a ver com o purgatório. É “estado” e não “lugar” intermediário. A idéia de purgatório surgiu no século V de nossa era, com Agostinho, foi defendida por Gregório e definitivamente incorporada à teologia católica na 25ª sessão do Concílio de Trento, que aconteceu de 1545 a 1563, em reação à Reforma. O estado intermediário não intermedeia purgatório e céu, mas sim o estado desincorporado (em que existiremos fora do corpo) e o estado glorificado (quando seremos transformados, como diz 1Coríntios 15). Repito: é estado e não lugar intermediário. Todos os mortos estão em estado desincorporado, existindo fora do corpo. No sheol/hades/além há um lugar para os salvos e outro para os perdidos. Céu e inferno estão no além. Não estão aqui. Outra ressalva que deve ser feita é que o lugar onde os mortos estão, sheol/hades/além, é definitivo, não sendo possível passar de um lugar para outro, conforme lemos em Lucas 16.26. Sei que temos aqui uma parábola e que firmar um ponto doutrinário nela não é prudente. Mas dificilmente Jesus contaria uma história que contivesse um ponto equivocado, principalmente quando seu tema central é a suficiência da Palavra de Deus em matéria de orientação para a vida eterna. Neste caso, teria havido imprudência da parte dele, o que não se pode presumir. Mas uma observação de Summers sobre o estado intermediário nos ajudará mais a compreender a questão:
O Novo Testamento ensina que na morte o corpo volta à terra e o espírito entra num estado de existência consciente, na bem-aventurança ou no sofrimento. O Novo Testamento também ensina que o corpo será levantado e transformado, na ocasião da ressurreição, quando Cristo voltar à terra. Se essas duas proposições são ensinadas no Novo Testamento, segue-se que há um estado desincorporado de existência cônscia do espírito entre os dois eventos – a morte e a ressurreição. À luz da teologia é certo haver algum tipo de vida ou de existência nesse interregno [4].
Para entender bem o conceito de morte no Antigo Testamento, precisamos entender o conceito de homem. Ele se compõe de dois elementos: o basar (carne ou corpo, a parte material) e nephesh (alma). Embora alguns queiram ver o ruah (espírito) como um terceiro elemento, estudiosos como Knudson, Davidson, Delitzsch, entre outros, entendem que ruah é usado como sinônimo de nephesh, tendo ambos os termos o significado de princípio vital que resulta na vida psíquica do ser humano. O que sobrevive à morte passa para o sheol. Este é visto como um lugar de esquecimento (Sl 88.12) e de silêncio (Sl 94.17, 115.17), onde há certo grau de autoconsciência e possibilidade de movimento e comunicação (Is 14.19-20). Os seus moradores podiam ter certo conhecimento do futuro (1Sm 28.13-20), embora sejam denominados de “sombras” ou de rephains, termo hebraico que designa sombras da vida terrestre. A idéia é de sobrevivência e não de aniquilamento. Os hebreus não tinham uma concepção bem definida de vida no além, por isso que o Antigo Testamento pouco fala sobre o assunto. Mas embora não houvesse uma teologia elaborada sobre a morte e a vida no além, os hebreus criam que havia algo do lado de lá. Assim diz Thurman Bryant, em artigo sobre “O Corpo Celestial”:
Há várias expressões da idéia de sobrevivência no Velho Testamento. Gênesis 35.18 relata que Raquel morreu no nascimento de Benjamin e saiu dela a alma ou nephesh. Eclesiastes 12.7 diz que ao morrer o corpo volta para a terra, como o era, e o espírito ou ruach volta para Deus. Também, a ocasião da visita da pitonisa de En-Dor a Saul reflete o conceito de sobrevivência após a morte. Outras passagens que afirmam a existência deste conceito são Jó 13.14-15, 19.25-27, Salmos 16, 17, 49 e 73. Há uma tradição hebraica antiga que quando o homem morre, sua alma parte do corpo, mas permanece perto dele durante três dias para partir de uma vez quando começa a decomposição. Dr. Summers acha esta tradição interessante em vista da declaração de Marta a Jesus que Lázaro jazia no túmulo já quatro dias (João 11.39). [5]
Segundo a tradição judaica, três dias era o tempo de viagem do ruah ao sair do corpo até o sheol [6]. No caso de Lázaro, pode significar também que Maria estava dizendo que o seu ruah já estava no sheol, de onde não se regressa. Mas, independente da interpretação que se dê a esta passagem, o certo é que parece haver um desenvolvimento da idéia da vida após a vida terrena no Antigo Testamento, quando ele (o AT) está se encerrando. Quando o hebreu tomou ciência de seu valor como indivíduo e não apenas como participante da nação, começou a refletir também sobre seu destino eterno como indivíduo. Numa segunda etapa, começou a refletir sobre a idéia de retribuição não apenas nesta vida, mas na vida além túmulo. Por fim, a noção de comunhão com Deus aqui na terra se espiritualizou também para o âmbito da vida após a morte. Mas o certo é que a teologia judaica, antes do fim do Antigo Testamento já cria numa vida além e até mesmo numa ressurreição dos mortos para receberem seu castigo ou sua recompensa, como lemos em Daniel 12.2-3. É com o cristianismo, no entanto, graças à obra de Cristo, que a vida no além assumirá um aspecto grandioso. A morte deixou de ser assustadora e foi até zombada por Paulo: “Assim, quando este corpo mortal se vestir com o que é imortal, quando este corpo que morre se vestir com o que não pode morrer, então acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem: ‘A morte está destruída! A vitória é completa! Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?’”. A morte morrerá: “Então a morte e o mundo dos mortos foram jogados no lago de fogo. Esse lago de fogo é a segunda morte”. (Ap 20.14). Desde a ressurreição de Cristo a morte é paciente terminal.
4. O LUGAR DO SALVO NO SHEOL/HADES/ALÉM
Ao morrer, o crente em Jesus vai para o sheol/hades/além, num lugar que lhe é próprio. É chamado de “seio de Abraão” (Lc 16.22-23), de “paraíso” (Lc 23.43) e “campos Elíseos” (literatura grega). São as moradas das quais Jesus disse que há muitas no céu, como lemos em João 14.2. É um lugar de glória, como lemos em Romanos 8.18. Vive-se com o Senhor para sempre, como lemos em Apocalipse 22.3-5. A palavra de Paulo em Filipenses 1.21-23 revela que a compreensão da vida após a morte é uma vida de qualidade bem superior à presentemente vivida. Deve ficar bem claro que o lugar do salvo, no sheol/hades/além é já de salvação. Na palavra de Paulo em 2Coríntios 5.7-8, morrer é estar ausente do corpo, mas presente com o Senhor. Paulo deixa transparecer que a morte do salvo é o abandono do corpo material e uma entrada imediata na presença do Senhor. Este estado não é de inconsciência ou de sono. Pensemos nas palavras de Summers:
Em Lucas 23.43 Jesus assegurou ao salteador arrependido: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. E em Lucas 16.22, a expressão “foi levado… para o seio de Abraão” é claramente um termo descritivo que se refere ao estado de bem-aventurança na presença de Deus. Nenhum gozo maior poderia ser contemplado por um bom hebreu do que ser recebido com um abraço no seio de Abraão, o pai da raça.[7]
A promessa de Jesus ao ladrão, de estar no paraíso, merece mais observação de nossa parte. “Paraíso” é a transliteração do grego paradeisos. No grego clássico designava um jardim ou parque, lugar de beleza e de recreação. Um lugar de delícias. Os tradutores da LXX o usaram para designar o jardim do Éden, em Gênesis 2.8. Flávio Josefo usou o termo para os jardins de Salomão, em Etã, bem como para os jardins suspensos da Babilônia. Associou-se ä figura de um lugar aprazível. O termo aparece no Novo Testamento na história do ladrão na cruz, na experiência de Paulo em ter sido arrebatado (2Co 12.4) e no Apocalipse 2.7, ao se falar da árvore da vida que está no paraíso. Tem a idéia de uma restauração à posição original de antes da queda. Esta impressão é corroborada pela figura de Apocalipse 22.1-2, onde o termo não aparece, mas a árvore da vida, sim. Mais do que lugar geográfico, o termo parece indicar o lugar onde Deus habita.
A este lugar chamamos, costumeiramente, de céu. No judaísmo posterior se desenvolveu a idéia de dividir o céu em sete regiões diferentes, mas havia muita fantasia e nenhum registro bíblico nos ficou ·. O maior escritor judeu contemporâneo, Prêmio Nobel de Literatura, é Isaac Bashevis Singer. Suas obras, mesmo sendo ficção, revelam muito do mundo religioso dos hebreus. Em Shosha, seu romance favorito, há esta observação feita por um de seus personagens: “Posso facilmente visualizar o Todo-Poderoso sentado no Trono da Glória no sétimo céu, Metraton à Sua direita, Sandafon à Sua esquerda…” [8]. Não estou conferindo a uma obra de ficção o caráter de obra teológica, mas reconhecendo que Singer, em seus escritos, expressa a crença popular dos hebreus, na sua religiosidade popular.
Temos um possível resquício desta idéia de sete céus na palavra de Paulo, em Efésios 4.10, ao dizer que Jesus subiu acima de todos os céus, e de uma palavra sua ao dizer que foi arrebatado ao terceiro céu (2Co 12.1-4). Mas pouco aproveita para nosso raciocínio neste contexto.
O estado do salvo no hades/sheol/além é um estado de consciência e fixo (no sentido de que o destino final da pessoa é definido aqui, como lemos em Hebreus 12.7), definitivo (no sentido de que não se alterará) e um estado incompleto. Incompleto porque seremos revestidos do corpo celestial (2Co 5.2-4). Paulo desejava a ressurreição (Fp 3.10-11). O estado desincorporado é incompleto no sentido de que o homem, em sua inteireza, não foi devolvido ao estado original. Falta-lhe o corpo. Que ele receberá de volta, mas agora, glorificado.
Por isso, o cristão não teme nem lastima a morte. Para quem crê em Jesus, ela “simplesmente fornece a entrada para a nova ordem de vida incorruptível que Cristo agora tem, assegurando-a por nós na sua morte e ressurreição literais (1Co 15.49-50)”[9] . É bom lembrar as palavras de Jesus, em João 20.25-26. Elas foram dirigidas a uma enlutada, que perdera um parente. Jesus a consolou dizendo que Lázaro, seu irmão que falecera, viveria para sempre. Nós cremos nisto, que um crente quando parte vai viver com Jesus para sempre?
5. O LUGAR DO PERDIDO NO SHEOL/HADES/ALÉM
Há, também, um lugar de perdição, como lemos em Lucas 16.23-25. Algumas vezes é chamado de “inferno” (tradução de hades, como em Lucas 10.15). Outros nomes que este lugar recebe:
(1) “Abadom” (“destruição”), em Jó 26.6, onde é diferenciado do sheol e em Apocalipse 9.11 é o nome do anjo Apoliom, em grego;
(2) “Abismo” (a morada de demônios, em Lucas 8.31 e Apocalipse 9.11);
(3) “Geena” (inferno de fogo, em Mateus 18.9). Este último vem de Gê-Hinnom, vale de Hinom, onde se ofereciam crianças a Moloque, como lemos em 2Crônicas 28.3 e 33.6. Depois, este lugar se tornou um crematório. Animais mortos e lixo eram ali queimados. Tornou-se um símbolo de julgamento, como lemos em Jeremias 7.31-32. Em 2Pedro 2.4, o “inferno” em que os anjos foram lançados é o “Tártaro”, que no pensamento grego era o lugar mais baixo para os perdidos. Outro nome dado é “castigo eterno” (Mt 25.46). A situação do perdido é esta: ele vive agora sob o domínio do Maligno (2Co 4.4 e 1Jo 5.19). E viverá com ele na eternidade: Mateus 25.41.
O perdido está separado eternamente de Deus. Vemos isto em Lucas 16.23. Há um “grande abismo” separando o perdido do lugar onde Deus se encontra e há uma impossibilidade de se passar de um lado para outro. Este estado do perdido é de consciência, também. Não é um estado de sono ou de aniquilação. O episódio do rico perdido nos ensina isto. O texto de 2Pedro 2.9 permite entender que os injustos, reservados para o dia do juízo, já estão sendo castigados.
6. A RESSURREIÇÃO DO CORPO
A idéia de ressurreição corporal não é uma novidade neotestamentária. No texto citado de Daniel 12.2-3 se vê que o conceito já estava presente, mesmo que não muito elaborado, no judaísmo posterior. O autor de Hebreus declara que Abraão, quando decidiu que deveria oferecer Isaque em sacrifício, esperava por sua ressurreição (Hb 11.19). Pode-se alegar que esta é a exegese do autor de Hebreus e não, necessariamente, o pensamento de Abraão. Em resposta pode-se dizer que o autor é profundo conhecedor do Antigo Testamento e, que se não está autorizado a falar por Abraão, por certo sabia o que dizia.
É o Novo Testamento que ensina claramente a ressurreição do corpo. Pensemos nestas palavras de Erb, comentando o pensamento de Kantonen em The christian hope:
A questão da vida depois da morte tem sido argumentada como uma questão de demonstrar a imortalidade, a capacidade da alma para resistir à morte. O corpo tem recebido pouca importância [...] Mas o credo cristão não diz “creio na imortalidade da alma”. Diz “creio na ressurreição do corpo”. O corpo não é a antítese da alma [...] É difícil conceber um contraste mais completo que o entre Platão e Paulo a respeito deste ponto. O Novo Testamento reconhece o corpo e a alma como dois aspectos diferentes, mas não antitéticos da existência humana [...] A alma não é uma parte separada do homem com substância própria. [10]
Isto é o fundamental: a razão da esperança cristã não é a sobrevivência da alma, mas sim a questão da ressurreição do corpo. O homem não é uma alma aprisionada num corpo, como pensava Platão. O homem é uma unidade, como ensina a Bíblia e como o ensino paulino sobre a ressurreição deixa claro. Na seqüência de seu argumento, Erb começa citando Niles em Preaching the gospel of the ressurrection, e segue depois com suas observações:
O homem não é uma alma imortal em um corpo mortal. O homem é corpo e alma – uma pessoa completa – em uma imortal relação com Deus. A morte quebra, então, uma unidade e uma integridade que devem ser restauradas com a ressurreição do corpo. O cristão não quer desfazer-se do seu corpo como se fosse algo mal. Quer tê-lo redimido e glorificado pelo mesmo poder que produziu o corpo de Cristo após a ressurreição. Como Paulo, quer que o poder da ressurreição, que agora atua por ele por meio do Espírito de Cristo, continue e complete o processo de última e final salvação: corpo e alma, o homem completo à imagem de Cristo [11]
A ressurreição é a devolução do homem ao seu estado antes do pecado. É a vida ideal, antes da entrada do pecado no mundo e, assim, antes da entrada da morte no mundo.
CONCLUSÃO
Voltemos à Declaração Doutrinária da CBB. Eis todo o item XVI, sobre “A morte”.
Todos os homens são marcados pela finitude, de vez, que em conseqüência do pecado, a morte se estende a todos (1). A Palavra de Deus assegura a continuidade da consciência e da identidade pessoais após a morte, bem como a necessidade de todos os homens aceitarem a graça de Deus enquanto estão neste mundo (2). Com a morte está definido o destino eterno de cada homem (3). Pela fé nos méritos do sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, a morte do crente deixa de ser tragédia, pois ela o transporta para um estado de completa e constante felicidade na presença de Deus. A esse estado de felicidade as Escrituras chamam “dormir no Senhor” (4). Os incrédulos e impenitentes entram, a partir da morte, num estado de separação definitiva de Deus (5). Na Palavra de Deus encontramos claramente expressa a proibição divina da busca de contato com os mortos, bem como e negação da eficácia de atos religiosos com relação aos que já morreram.
(1) Romanos 5.12, 6.1; 1Coríntios 15.21, 26, Hebreus 9.27; Tiago 4.14
(2) Lucas 16.19-31 e Hebreus 9.27
(3) Lucas 16.19-31; 23.39-46, Hebreus 9.27
(4) Romanos 5.6-11 e 14.7-9; 1Coríntios 15.18-20; 2Coríntios 5.14-15; Filipenses 1.21-23; 1Tessalonicenses 4.13-17, 5.10; 2Timóteo 2.11; 1Pedro 3.18; Apocalipse 14.13
(5) Lucas 16.19-31; João 5.28-29
(6) Êxodo 22.18; Levítico 19.31, 20.6, 27; Deuteronômio 18.10; 1Crônicas 10.13; Isaías 8.19 e 38.18; João 3.18 e 3.36 e Hebreus 3.13.
Estudando-se as passagens mencionadas e refletindo com o coração aberto, podemos render graças a Deus por Jesus Cristo. Por causa de Jesus temos esperança. Como disse um teólogo escocês: “Se vivo agora, Cristo está comigo; se morro, estarei com ele. Que bênção inaudita!”. Isto é o mais importante. Não nos esqueçamos disto.
Referências:
[1] AUBERT, Jean-Marie. E depois…vida ou nada? S. Paulo: Paulus, 1995, p. 11.
[2] GAARDER, Jostein. Vita Brevis. S. Paulo: Cia. das Letras, 1998, p. 143
[3] SUMMERS, Ray. A Vida no Além. Juerp: Rio de Janeiro, 1971, p. 19.
[4] Ib. ibidem, p. 31.
[5] BRYANT, Thurmon. “O Corpo Celestial”. Revista TEOLÓGICA, da Faculdade Teológica Batista de S. Paulo, ano 1, número 1, janeiro de 1966, p. 4.
[6] KELLEY, Page. Mensagens do Antigo Testamento Para Nossos Dias. Rio de Janeiro: JUERP, 1980, p. 90.
[7] SUMMERS, op. cit. p, 32
[8] SINGER, Isaac Bashevis. Shosha. S. Paulo: Francis, 2005, p.158.
[9] SHEDD, Russel: “Diversos sentidos de ‘morte’ nas epístolas de Paulo”. Revista TEOLÓGICA, da Faculdade Teológica Batista de S. Paulo, ano 1, número 1, janeiro de 1966, p. 20.
[10] ERB, Paul. El Alfa y la Omega. Buenos Aires: Editorial La Aurora, 1968, p. 135.
[11] Ib. ibidem, p. 136.

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastor da Igreja Batista Central de Macapá – AP
Colunista deste Portal: ADIBERJ
isaltinogomes@hotmail.com

Pastores e Teólogos comemoram aniversário de 494 anos da Reforma Protestante

Postado em: "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.


Pastores e Teólogos comemoram aniversário de 494 anos da Reforma ProtestanteNo dia em que se comemora o aniversário de 494 anos da Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero, pastores e teólogos repercutiram o fato histórico na internet, ressaltando a importância do movimento.
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A Reforma Protestante aconteceu em 1517, após Lutero divulgar na porta da Igreja Wittenberg, as 95 teses de seu manifesto “Disputação do Doutor Martinho Lutero sobre o Poder e Eficácia das Indulgências”, que condenava as práticas da Igreja Católica. Nessa época, era comum que pessoas com maior poder aquisitivo comprassem cartas de indulgência, que segundo os líderes católicos, garantiam perdão e salvação.
O Pastor e vocalista da Banda Resgate, Zé Bruno, comemorou a data, ressaltando a necessidade de se manter os ideais: “Bom lembrar o dia da Reforma. Precisamos de uma todos os dias para permanecermos firmes no evangelho”, postou no Twitter.
Seu irmão, o também Pastor Jorge Bruno, usou o microblog para mencionar os cinco “solas” presentes no manifesto de Lutero: “Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria! Hoje comemoramos o dia da reforma, igreja reformada e sempre se reformando”. Os cinco “solas”, escritos originalmente em latim, significam Somente as Escrituras, somente Cristo, somente a Graça, somente a Fé e somente a Deus a Glória, e representam os pontos essenciais do cristianismo, sob a visão de Martinho Lutero.
O teólogo coreano naturalizado brasileiro, Jung Mo Sung, comentou em seu perfil no Twitter que “o essencial d Reforma é o ‘princípio protestante’: protestar contra todas absolutizações humanas q sempre negam a dignidade humana”. Sung também questionou a necessidade de novas reflexões sobre o cristianismo nos tempos atuais: “nas viradas de tempos civilizatórios, o cristianismo passou por grandes Reformas. Será que nosso tempo precisa de nova Reforma?”.

O Pastor Ariovaldo Carlos Jr, usou o microblog para postar situações ligadas aos cinco “solas” e teceu críticas às lideranças evangélicas em geral. “Seu pastor bate no peito pra reivindicar autoridade espiritual? Aposto q ele não falou do níver da Reforma Protestante hoje! #SolusChristus”, escreveu. Ainda sobre o tema, Ariovaldo criticou as igrejas que buscam ofertas de forma exagerada: “você ainda acredita nesse papo furado de que será mais abençoado se der ofertas financeiras sacrificiais? #SolaGratia”.
O termo “Reforma Protestante” ficou toda a manhã entre os dez assuntos mais comentados em todo o Brasil no Twitter.

Fonte: Gospel+

DEUS: Gostar ou Amar?

Postado em: "Tempos de Deus", Um ministério de Amor.


Há muitas pessoas em nossas Igrejas que gostam de Deus, mas não O amam. Apreciam o Senhor, mas não têm compromisso com Ele. Não dão fruto para Ele. Desejam tê-lO por perto, mas não O abraçam, não demonstram amor, não O honram e nem experimentam a segurança dEle. Quando um homem gosta de uma mulher não está preparado para casar com ela. Gostar é próprio de colega, mas amar é de amigo. Gostar é superficial, mas o amar é profundo. Jesus nos amou tanto que deu a Sua vida por nós na cruz. Ele quer que sejamos Seus amigos para fazermos o que Ele manda (João 15.13,14). O Senhor nunca usou o verbo ‘gostar’, mas sempre usou o verbo ‘amar’ na Sua relação com o homem pecador. Por isso, Deus AMOU o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para que os que crêem nEle tenham a vida eterna (João 3.16). Quem gosta não corrige, mas quem ama corrige. O nosso Pai é modelo de correção. Por nos amar, nos corrige (Hb 12.6). Quando gosto de alguém a minha tendência é não estar preocupado com a vida dele. Quando amo, peço a Deus para ser usado poderosamente para abençoar, orar por ele, orientar e ser companheiro nos momentos mais difíceis.
Gostar de Deus é viver uma vida de alienação. A percepção que a pessoa tem de Deus é fraca e viciada. Quando amamos, nós tememos a Deus. Reconhecemos a Sua Majestade. Descansamos na Sua Soberania. Nós O honramos de todo o coração. Temos prazer em fazer a Sua vontade. Esta vontade é para nós boa, agradável e perfeita (Rm 12.1,2). Tenho prazer na Sua Lei e nela medito dia e noite (Sl 119.97). O povo de Israel, os seus religiosos, gostavam de Deus, mas jamais O amaram. Gostar de Deus é focar o sistema religioso em detrimento da vida de Cristo em nós. Quando gosto de Deus, vivo uma vida de aparência, mas quando O amo permito que Ele examine o meu coração fraco, vacilante e perverso. Tenho prazer, gozo em adorá-Lo em espírito e em verdade como Jesus ensinou (João 4.24). Não quero gostar de Deus, mas amá-lO de todo meu coração, de toda a minha, com todo o meu entendimento e com todas as minhas forças (Mt 22.37-40). Foi isso que Jesus me ensinou. Sabemos que a melhor maneira de amar a Deus é por meio de Jesus Cristo, o Deus Filho encarnado.
Um exemplo clássico da diferença entre gostar e amar é a história de Jesus, a mulher prostituta e Simão, o fariseu, na casa deste. Aquele religioso não recebeu o Deus feito carne com honra, mas a prostituta sim. Ela comprou um perfume caríssimo e o derramou sobre os pés do Mestre (Lc 7.36-50), e os enxugou com os seus cabelos. Jesus mostrou claramente que Simão gostava dele, mas aquela mulher mal falada e mal amada pela sociedade, O amava. O sistema religioso nos ensina a gostar de Deus, mas o evangelho de Jesus nos ensina a amá-lO com as entranhas. Quando Jesus nos convida a negar-nos a nós mesmos, tomarmos a Sua cruz e O seguirmos, Ele espera o nosso amor. É interessante quando gostamos de alguém temos a tendência de uma amizade caracterizada pelos interesses. Gostar é condicional, mas o amar é incondicional. Deus não aceita ter conosco uma amizade meramente circunstancial, mas um amor que está acima do tempo. Ele nos amou eternamente em Cristo. O Seu relacionamento conosco não está baseado em nosso desempenho, mas na Sua maravilhosa graça, no Seu grande amor. Deus não gosta de nós, mas nos ama (Rm 8.38,39). Este texto fala que ninguém, nada nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Após Pedro negar Jesus, este perguntou-lhe duas vezes se O amava. A sua atitude de negar a Jesus não era de quem O amava, mas de alguém que gostava. Gostar de Deus é relacionar-se com Ele com base na troca, no desempenho, mas amá-LO significa obedecê-lO e reconhecer Suas misericórdias concedidas a nós. Amarmos a Deus significa glorifica-lO em tudo o que fazemos. Paulo nos ensina: “Tudo o que vocês fizerem: comer, beber ou qualquer outra coisa, façam para dar glória a Deus” (1 Co 10.31). Há plena alegria em nosso coração quando O amamos!

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Pastor da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa – RJ
Colunista deste Portal: ADBERJ
pitzerjacob@gmail.com